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Olá, sou brasileiro e moro na divisa do Estado de São Paulo com Minas Gerais, exatamente na curva do Rio Grande e numa volta de seu grande lago, na cidade turística de Guaraci de onde escrevo esse Blog. Sou formado em agronomia e nasci em 1952

quarta-feira, 3 de março de 2010

A arte de Mondrian nas ruas de Guaraci




Ainda em 2009, a atual administração, apoiada por nossa primeira dama, Andrea Gonçalves de Souza, começou a executar um belo trabalho desenvolvido pelo pintor guaraciense Uiliam José da Silva, sobre a aplicação de pinturas estilizadas de Mondrian, nos espaços públicos de Guaraci. Hoje, já estão assim caracterizados, o Espaço Livre, o Estádio Municipal, o Posto de Informações Turísticas e objetos menores como camisetas escolares, e outros.


Parede da entrada do Espaço Livre:


Posto de Informações Turísticas:


Estádio Municipal:





Esta caracterização vai paulatinamente associar o nome de Guaraci às composições de Mondrian. A introdução de referências artísticas em nossos prédios públicos, não só surpreende e desperta a curiosidade de quem passa, como também, seguirá fortalecendo a identidade visual da cidade. Uma associação positiva que deve se cristalizar com o tempo, não só para cumprir um papel cultural, mas também para agradar aos olhos de nossos cidadãos e dos turistas que nos visitam. Um símbolo a mais de beleza para se juntar ao nome de Guaraci. Parabéns Uiliam! Parabéns Andrea!
Parabéns às professoras das escolas municipais que colaboraram democraticamente na construção das releituras de Mondrian para revestir as paredes de nossos prédios públicos.



Quem foi Mondrian?
Piet Mondrian (1872-1944) foi um pintor holandês do século XX, que fez parte do movimento da Arte Moderna!

Mas não é só - quero te convidar a ir um pouco mais à frente, a dar mais um passo, para que esse assunto possa ser mais informativo. Para tanto, tento aqui fazer uma rápida síntese sobre a arte de Mondrian, e sobre o contexto em que ele viveu.




Lembrando dos livros que li sobre arte moderna e abstracionismo, dos grandes nomes da pintura abstrata como Kandinsky, Malevich, Paul Klee, Miró, Mondrian e outros, tenho que olhar para trás com curiosidade, porque isso me traz de volta ao final dos anos de 80, quando passei a me interessar por ‘design’, por arte moderna, movido pela vontade de procurar entender mais os sentidos da arte abstrata. A Arte Moderna é assunto de enorme riqueza e complexidade, por isso, não se pode compreendê-la, nem dar algum sentido às revoluções estéticas do modernismo, sem que se conheça sua história. História que começa com a virada do século XX, na Europa de então, quando o mundo passava por grandes mudanças, tanto tecnológicas (dentre elas a invenção da fotografia), como sociais. A vida estava conturbada, os homens encharcados de muitas idéias, em todas as direções, procurando novas soluções para uma nova sociedade. Os jovens pintores europeus dessa época buscavam um meio de expressão mais poderoso, queriam se livrar do passado, mudar o olhar do mundo, reinventar a arte. E esta busca por novas imagens, ganhou raízes e se alastrou, dando origem a muitos movimentos de arte inovadores. Junto a esses movimentos, crescia uma forte tendência que privilegiava mais a projeção dos sentimentos subjetivos sobre as telas, do que simplesmente pintar e repintar reproduzindo a realidade, como fazia a recém chegada arte da fotografia. Era a vez do artista, representar na tela, como via as coisas a partir de seu interior. Historicamente, os sinais dessa mudança aparecem a partir de 1905, quando são expostas obras que começam a desfocar a aparência natural das coisas, ou obras cujos temas principais não são objetivamente reconhecíveis. São os primeiros indícios de mudança na arte da representação, decorrentes de telas de artistas renomados, como Picasso, Braque, Matisse, entre outros. Já em 1910, o pintor russo Kandinsky, respeitado no mundo das artes, inaugura o ciclo abstracionista, expondo uma tela (primeira aquarela abstrata), sem nenhuma figuração ou representação do mundo, um abstrato puro. São formas e cores soltas no espaço da tela, porém com uma harmonia muito convincente, capaz de mostrar a cara da nova estética. A partir dos anos de 20, década berço da arte moderna, despertam os pintores europeus chamados vanguardistas, apresentando obras abstratas reconhecidas, nesse novo caminho das artes. Os vanguardistas se multiplicam, rompendo definitivamente com as tradições. A arte abstrata revoluciona, evolui e chega até o limite da ‘não arte’, ou das polêmicas narrativas que muitas vezes, encontrava simbolismo onde havia somente dúvidas. Abriu-se então, um leque de opiniões, boas e más, sobre o abstracionismo. Ora, perguntavam, as pessoas da época, isso é arte? Ora, qualquer pessoa pode pintar um quadro como esse! Onde estão as figuras, onde está o horizonte, o que significa isso? Bem na verdade, até hoje, uma tela abstrata pode provocar indignação ou estranhamento, a muitas pessoas não ligadas à arte. Lembro-me agora, que no ano passado (2009), a novela ‘Caras e Bocas’ da TV Globo, trazia uma sátira ao abstracionismo, tendo como base o exagero, onde as telas abstratas de um primata se sobressaíam às de um ser humano. De volta à história e à época, entre tantas novidades e polêmicas, surgia de uma das vertentes do modernismo, a tendência para valorizar a criatividade racional. Deste período, lembro-me da história da escola alemã de Bauhaus, da escola russa de Ulm, e da revista holandesa De Stijl (O Estilo). E foi a partir da revista “De Stijl”, que se originou um movimento chamado neoplasticismo, que explica toda a luta de Mondrian, um dos fundadores desse movimento. Trata-se de um abstrato geométrico, de telas que se esquivam de todo modo, a expressar emoções ou idéias, procurando anular a subjetividade. Mondrian não aceitava sombras, curvas, nada que pudesse fugir de sua intenção absoluta de expor sua arte, levada ao mínimo simbolismo, ou ao extremo rigor de linhas verticais e horizontais, e de cores primárias saturadas. Ele buscava algo mais profundo em seu cuidadoso equilíbrio de formas e cores. Ele reduziu, numa rigidez obsessiva, a expressão plástica a funções matemáticas. Mas Piet Mondrian não é só importante por suas experiências, deixando de lado o conteúdo filosófico e religioso que envolve sua vida, sua obra é essencial para a arte ou para a representação visual. Ele trabalhou quase trinta anos (1913-1942) explorando sua idéia principal, que ele mesmo chamou de “Composições”, e terminou sua vida com mais de 250 obras (1917 a 1944). Na grande maioria, suas obras são abstratas e fiéis ao seu propósito. Nesta fase das composições, suas telas são austeramente simples, limpas, compostas de retângulos assimétricos de cores primárias sobre um fundo branco, separados por linhas pretas que se cruzam em ângulos retos. Ou melhor, ele reduziu suas telas a blocos geométricos, cada um deles preenchidos com uma única cor compacta (sem lançar mão de qualquer escala cromática, ou de sombras).

Algumas pinturas de Mondrian:







Em minha opinião, e sou apenas um admirador, o resultado de suas telas é que são, antes de tudo, universais, intemporais, ordenadamente belas, fáceis de gostar e fáceis de identificar. Elas são incrivelmente marcantes, porque únicas. Apesar da rigidez de seus traços retos, podemos ver alegria em suas composições, porque resta o jogo das cores primárias, dispostas harmoniosamente no espaço de uma tela. O trabalho de Piet Mondrian, mais maduro, foi solitário, porque manteve seus propósitos iniciais, ao arrepio dos pintores próximos a ele e de movimentos semelhantes. Numa fase posterior, ele se muda para Nova York, quando pinta sua famosa tela, “Broadway Boogie-Woogie” (1942-43), já perto de sua morte (1944), aos 72 anos. Identificar seu estilo é fácil, mas compreender a essência do seu trabalho como arte, ainda que não se perceba à primeira vista, é complexo, e exige um aprofundamento que não cabe aqui abordar. Seus princípios estéticos influenciaram e continuam influenciando até hoje, o Design Gráfico, o Web Design, a Arquitetura, a Publicidade Visual, a Moda, enfim a maioria das artes visuais, mesmo porque, a estética visual é profundamente dependente do equilíbrio entre formas e cores.

Para saber mais,
pesquise: Piet Mondrian biografia, De Stijl, arte moderna, abstracionismo.

Estudantes - vejam esse assunto no site do colégio São Francisco:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/


Sites que pesquisei:

http://artemodernafavufg.blogspot.com/2009/07/exemplo-da-revista-de-stijl.html

http://www.revistazunai.com/officina/visuais/artigos/construtivismo_almandrade.htm

www.artchive.com/artchive/M/mondrian.html

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