Esta postagem pretende mostrar os elementos arquitetônicos
que compõem nossa igreja matriz com mais atenção. Nossa matriz é um ícone
guaraciense, um marco histórico-cultural de nossa cidade. Ao hábito de olharmos
para igreja como um todo, ficamos naturalmente despercebidos dos elementos que caracterizam
sua arquitetura.
Vista
aérea de nossa Matriz _gentileza de Fotodrones Guaraci
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A planta baixa da matriz apresenta a forma de cruz latina.
Seu corpo é composto de nave única e o teto do altar concebido em abóbada
ogival. As duas sacristias foram anexadas ao corpo do altar pela parte externa.
Sua construção foi iniciada em 1953, e levou mais de vinte anos para ser
sagrada (1974), ainda inconclusa, a igreja foi totalmente concluída em 1976.
Planta
baixa esquemática sem escala
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A obra começou nos fundos da antiga igreja e pela parte
mais difícil da planta, erguer a estrutura para dar suporte à cúpula. Enquanto
seguiam as obras, as atividades paroquiais continuaram sem interrupção, ora no
interior da igreja antiga, enquanto permitia, ora em outras partes adaptadas.
A antiga
igreja e a construção da abóbada
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Matriz em 1976 |
A singularidade da arquitetura das
igrejas do interior
As réplicas de plantas arquitetônicas entre as igrejas são
muito raras, pode haver semelhanças entre as construções, porém com diferenças suficientes
para que cada uma se apresente como única, de acordo com os elementos que dão
forma a seu projeto. O que há de comum são os padrões mínimos a serem seguidos,
requeridos pelo Clero. A singularidade de cada construção fica por conta das
opções geradas pela arquitetura secular das igrejas, que ao longo do tempo
foram deixando suas marcas em cada um dos períodos históricos, criando novos e
diferenciados estilos. Uma riqueza arquitetônica conquistada ao longo dos
séculos. Com isso, muitos elementos arquitetônicos foram aproveitados e ainda o
são, de acordo com as preferências e necessidades de cada local.
Apenas a título de exemplo, observe a diversidade das
igrejas, no site da Panoramio nas postagens de Vicente A. Queiroz; nele você
poderá ver semelhanças e diferenças arquitetônicas, em mais de 350 imagens de
igrejas do Estado de São Paulo. Na página 15, está a igreja de Guaraci-SP.
Confira no link abaixo:
Os principais estilos arquitetônicos de igrejas podem ser
descritos, resumidamente na linha do tempo (datas aproximadas), como:
-Inicia com a arte bizantina com o imperador Constantino (reinado do
período de 306–337) até o séc. XV;
-Passa pela românica (entre os séc. X e XII, e se
estende), período em que há grande expansão do cristianismo;
- Ganha sofisticação com o gótico (entre os anos 1380 e 1500);
- Segue,
o renascentista ou clássico (entre os séc. XIV ao XVI); o barroco (entre os anos 1600 e 1750, no
Brasil mais tardiamente); o neoclássico (entre os anos 1750 e 1850); o neogótico (entre os anos 1750 e 1900, e se estende), o moderno (séc XX), entre outros estilos.
Principais estilos arquitetônicos das igrejas na linha do tempo
A arquitetura românica
Na era medieval, as igrejas eram construídas de pedra, tanto
no período românico como no gótico. O período românico é um marco de uma grande
expansão do cristianismo, quando as igrejas começam a ser introduzidas nas
pequenas cidades do interior dos países europeus. Muitas igrejas deste período, como esta,
ainda estão abertas a visitação.
Igreja românica de Nossa Senhora de Azinheira, Outeiro Seco,
Portugal.
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Neste exemplo de igreja do século XV, de
arquitetura românica, aparece um arco de volta perfeita na entrada da igreja, um arco clássico. Note também, que o portal está ornamentado com três arquivoltas. Detalhe esse, inspirado na arquitetura gótica, que colabora com a valorização arquitetônica dessa igreja de linhas simples.
Catedral de Colônia na Alemanha
Note neste recorte da fachada da
Catedral de Colônia, o grau de sofisticação e detalhamento que chegou o estilo
gótico. Localizada na cidade alemã de Colônia, a catedral representa o marco
principal da cidade. A construção desta igreja começou em 1248. Algumas catedrais importantes do período gótico
e a data do início das construções: Catedral de Chartres em Chartres (1145),
França; Catedral de Notre-Dame (1345) em Paris, França; Catedral de Milão
(1386) em Milão, Itália; Catedral de São Vito (1344) em Praga, República Tcheca;
entre muitas outras. Vale dizer que o estilo gótico original serviu às
catedrais.
Características
gerais da arquitetura gótica:
Fonte: Wikipédia
- Verticalismo dos edifícios substitui o
horizontalismo do Românico;
- Paredes mais leves e finas;
- Contrafortes em menor número;
- Janelas predominantes;
- Torres ornadas por rosáceas;
- Utilização do arco ogival;
- Consolidação dos arcos feita por abóbadas de arcos
cruzados ou de ogivas;
- Nas torres (principalmente nas torres sineiras) os
telhados são em forma de pirâmide.
Catedral de Notre-Dame, Paris, onde se pode ver os arcobotantes,
os contra-fortes, os pináculos e os arcos ogivais
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Veja mais sobre arquitetura gótica aqui:
Arquitetura
noegótica
A arquitetura e a escultura
românticas se caracterizaram por sua linguagem nostálgica e pelo resgate do
estilo gótico. O Neogótico ou revivalismo gótico é um estilo de
arquitetura revivalista originado em meados do século XVIII na Inglaterra. No
século XIX, estilos neogóticos progressivamente mais sérios e instruídos
procuraram reavivar as formas góticas medievais, em contraste com os estilos
clássicos dominantes na época. O movimento de revivalismo gótico teve uma
influência significativa na Europa e nas Américas, e talvez tenha sido
construída mais arquitetura gótica revivalista nos séculos XIX e XX do que
durante o movimento gótico original.
Veja mais aqui:
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Arquitetura
neogótica no Brasil
Catedral da Sé – São Paulo
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Edificações góticas autênticas
não existem no Brasil, mas o revivalismo neogótico popularizou-se a partir do
reinado de Pedro II. Algumas igrejas neogóticas brasileiras: Catedral de
Petrópolis (1884-1925), no Rio de Janeiro; Igreja do Santuário do Caraça, em
Minas Gerais (1860-1885); Catedral da Sé de São Paulo (1913-1954); Catedral de
Santos (1909-1967); Catedral Metropolitana de Vitória (1910)-(1970); Catedral
de Belo Horizonte (começada em 1913) e a Catedral Metropolitana de Fortaleza
(1938-1978).
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No Brasil, segundo WJ Manso de Almeida, em Capelas e
pequenas Igrejas: “ao longo do século XIX e princípios do século XX, a
arquitetura de capelas e igrejas interioranas foi incorporando, segundo ritmo e
grau variados, as idéias que então iam surgindo nos centros maiores; o
neoclássico, o neogótico, o estilo ‘art déco francês’... / E a partir da
segunda metade do século XX tais construções passaram a exibir decisivas
modificações simplificadoras quanto à estrutura, volumes e elementos de decoração,
decorrentes das novas orientações adotadas pelo Clero católico. As igrejas das
cidades do interior retratam toda essa evolução e mostram que a simplicidade, a
harmonia e a manutenção de traços de origem muito antiga constituem verdadeiras
características da arquitetura sacra brasileira”.
Veja mais
aqui:
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Elementos arquitetônicos da Igreja
Matriz de Guaraci
Sabe-se que é um sistema de
símbolos que veste a arquitetura das igrejas e as configuram. Como arte, vale
aqui destacar do conjunto arquitetônico de nossa matriz, alguns elementos da
arquitetura gótica/neogótica e a maneira como foram empregados. Alguns elementos
destas artes foram difundidos pelas novas possibilidades criadas com o advento
do aço e do concreto armado nas construções.
Elementos
da arquitetura gótica, revividos na neogótica, presentes em nossa matriz:
1. A abóbada em formato de ogiva;
2. Os arcos ogivais, tanto como moldura dos vitrais externos como
internamente entre as colunas dispostas na nave; nos arcos que sustentam a
abóbada ogival e os três arcos do ‘nártex’ externo da fachada;
3. As rosáceas ou vitrais circulares dispostas sobre todo o corpo
superior da nave, e a que complementa a fachada, o óculo;
4. Os pináculos dispostos na extremidade superior dos cantos
externos das paredes e no cume da torre, empregados como ornamentos.
5. As bandas ornamentais em relevo, vindas dos entre arcos
lombardos.
A abóbada de ogiva
A abóbada de nossa igreja é gótica porque apresenta
o perfil de uma ogiva
Abóbada
em ogiva
Os arcos ogivais
Os arcos
ogivais são elementos de referência na arquitetura gótica das igrejas.
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Arcos
ogivais nas molduras das janelas
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Vista
interna da igreja com arcos ogivais entre colunas na lateral da nave, na base
da abóbada e no altar
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Pináculos rematam os cantos das paredes |
Rosáceas ou vitrais circulares
Os vitrais tipo rosácea são elementos arquitetônicos ornamentais usados nas
igrejas, notadamente nas góticas e neogóticas.
Na fachada, um óculo em forma de rosácea também representa um elemento da arte
gótica.
Rosácea da fachada (Óculo)
Rosáceas
em toda a extensão da parte superior da nave
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Bandas
decorativas
As faixas em relevo verticais em forma de arcos ou bandas
ornamentam as paredes externas das igrejas católicas imitando o entre arcos
lombardos ou as ‘lesenas’, desde o período românico. São muito utilizadas para
realçar formas sob o beiral do telhado. No caso da nossa matriz, a ornamentação
reforça a imagem da forma de um frontão, avivando o triângulo interrompido. Recurso
decorativo usado também no estilo gótico.
Exemplo
de bandas lombardas
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A torre sineira quadrangular apresenta três pares de vitrais alongados, terminados em arcos ogivais e simetricamente distribuídos. A verticalidade da torre é interceptada por duas lajes que a divide, para centralizar o relógio na parede. Estas lajes aparecem cercadas por pequenos pináculos em todos os seus cantos. A torre termina com uma cobertura em forma pirâmide, e triângulos baixos valorizando sua base. E por fim, uma grande cruz, hoje iluminada em neon, completa a fachada de nossa querida Matriz.